Comecei minha carreira publicitária em 2002 – antes disso eu era desenvolvedor multimídia na Apple Brasil, mas isso fica para outro texto. Desde então, dedico minha carreira às ideias. Comecei criando campanhas para os clientes das agências em que trabalhei. Nos primeiros cinco anos de trabalho, conquistei reconhecimento nacional e internacional dessas ideias, incluindo sete leões no Festival Internacional de Criatividade de Cannes. Também ganhei a medalha de ouro na competição global Young Lions 2006.
Logo depois, apliquei meu processo criativo para criar ideias além das campanhas publicitárias. Aqui estão algumas dessas ideias:

ID\TBWA (2007)
Augusto Cruz, Igor Puga, Jaques Lewkowicz, Luiz Lara e eu fundamos a ID\TBWA no segundo semestre de 2007. Uma agência de publicidade e marketing digital que nasceu com um modelo de negócio diferente para a época. Recordemos algo curioso: há mais de uma década o smartphone é o meio de comunicação dominante. Com a penetração de bilhões de usuários, não podemos nos separar do dispositivo que nos bombardeia com mensagens publicitárias. Mas a ID\TBWA nasceu meses antes do iPhone: o precursor do smartphone como o conhecemos. Isso significa que a agência nasceu para trabalhar com um ecossistema de publicidade digital que consistia em sites de desktop, banners, jogos, portais e sistemas de dados: entregas que exigiam uma enorme equipe de tecnologia interna.
A ideia: um modelo de negócio baseado na gestão de tecnologia terceirizada e com uma equipe 10x mais enxuta que os concorrentes. Uma equipe menor permitia contratar pessoas mais experientes. E já que não executavam tecnologia, elas tinham mais tempo para pensar estrategicamente nos problemas do cliente. Ao invés de departamento, a tecnologia era disciplina obrigatória para que toda a nossa equipe pudesse gerenciar as tarefas de terceiros.

Vapor (2012)
Breno Berdu, Igor Puga, Maury Tognolo e eu fundamos o Vapor: uma hamburgueria e cervejaria onde tudo que saía da cozinha era cozido no vapor. Hambúrgueres, queijos, batatas, tudo feito em fornos a vapor americanos.
A ideia: resgatando um método de preparo popularizado em Connecticut na década de 1920, conseguimos chamar a atenção para a disputada cena gastronômica paulista. A forma simples, limpa e inusitada de preparo ainda criava a sensação de ser mais saudável que os concorrentes, atraindo clientes e gerando filas de espera de horas nas noites de sábado.

De Volta pra Pista (2013)
A convite da amiga Tati Bernardi, escrevi três episódios da sitcom brasileira De Volta pra Pista. A série que foi ao ar no canal Multishow contou a história de Silvia, uma mulher de 40 anos que começa uma nova vida após o divórcio.
A ideia: colocar à prova minhas técnicas e métodos de processo criativo na geração de ideias situacionais para roteiros de TV – que de alguma forma se assemelham a campanhas de longo prazo com inúmeras execuções sob o mesmo tema.

Programa ENTRE (2018)
Paula Ganem e eu criamos o Programa ENTRE em fevereiro de 2018 após uma reunião em que seis pessoas da minha equipe bateram na porta do meu escritório para aprovar uma campanha publicitária para o Dia Internacional da Mulher. Eram seis homens: uma equipe mal representada para discutir o tema em questão. Esse encontro ocorreu ao mesmo tempo em que indústrias ao redor do mundo, como Hollywood, por exemplo, questionavam a igualdade de gênero no ambiente profissional. Neste ano, meu time criativo era composto por apenas 20% de mulheres. Um número que não faz sentido, já que as mulheres são tão criativas quanto os homens. O problema: as mulheres estavam sendo desencorajadas de atuar na criação publicitária por preconceitos repetidos desde a vida universitária.
A ideia: a criação de um curso profissionalizante sobre o processo criativo ministrado por profissionais de uma das maiores agências de publicidade do país, a Publicis Brasil, e com apoio estratégico da ONU Mulheres. Atuando no começo da vida universitárias dessas mulheres, o curso atuaria como um apoiador de suas carreiras criativas. Até 2022 o Entre treinou 126 mulheres que hoje trabalham nas maiores agências de publicidade do país.

RAIN (2022)
Em 2015 iniciei uma pesquisa sobre inteligência artificial aplicada à criatividade. Mais precisamente: como usar o processamento de linguagem natural para automação criativa e geração de ideias em escala. O resultado dessa pesquisa foi a plataforma criativa Rain.
A ideia: transformar meu próprio processo criativo em um algoritmo e emprestá-lo a outras pessoas para gerar ideias e impacto. Rain ainda não está aberta para uso comercial. Mas se você estiver interessado em testá-lo, deixe uma mensagem.