Me dá paz – e clareza às vezes – pensar que o sistema operacional humano é o mesmo desde que o mundo é mundo. Toda vez que me deparo com um conceito novo, tento imaginar como isso se conecta com nossos instintos mais primitivos. Um exercício meio “qual seria o equivalente Pleistoceno da Web 3.0”, saca?
Uma cena recorrente na minha cabeça é a distante roda ao redor da fogueira em que a pessoa mais experiente da tribo tenta colocar uma ideia na cabeça dos integrantes da tribo com uma narrativa envolvente.
Pausa aqui para a definição de ideia (ou pelo menos a definição que eu mais gosto):
Ideia é um pensamento que influencia um comportamento.
A pausa é para refletirmos sobre as nuances: a natureza etérea de um pensamento, a força indireta exercida por uma influência e as infinitas variáveis que determinam e definem um comportamento.
Enfim, voltando à cena:
Noite, céu estrelado, fogueira, calma. Tudo aparentemente em ordem na aldeia. Mas o líder da tribo tá ligado que não dá pra ficar sentado esperando a próxima banana brotar da árvore. Tá tudo bem agora, mas a tribo precisa se mexer pra continuar viva. Precisa descer a colina. Cruzar a savanna. Subir a montanha. Ou, simplesmente: ir de “aqui” pra “lá”.
E esse é um dos meus frameworks criativos:
“Aqui parece legal. Mas se exercermos o pensamento crítico, não é tão legal assim, né? Sabe o que é mais legal que aqui (e onde temos mais chances de sobrevivência)? Lá!”
Um exemplo deste framework em prática:
Here’s to the crazy ones. The rebels. The misfits. The troublemakers. The round pegs in the square holes. The ones who see things differently. They’re not fond of rules. And they have no respect for the status quo. You can quote them, disagree with them, glorify or vilify them. About the only thing you can’t do is ignore them. Because they change things. They push the human race forward. And while some may see them as the crazy ones, we see genius. Because the people who are crazy enough to think they can change the world, are the ones who do.
Aqui | Pensamento Crítico | Lá |
Loucos e rebeldes não se encaixam no mundo | Não se encaixam no mundo de quem mesmo? | Loucos e rebeldes enxergam o mundo de outra maneira |
Loucos e rebeldes atrapalham a ordem | Ordem é bom, mas como tudo, em excesso pode ser ruim, pode nos limitar. | Loucos e rebeldes promovem mudanças |
Loucos e rebeldes não seguem as regras | Regras existem por uma razão, mas não custa estarmos vigilantes e questioná-las constantemente. | Loucos e rebeldes não são subservientes aos interesses do status quo |
Loucos e rebeldes não merecem atenção | Merecer ou não merecer é contextual. Por que será que loucos estão chamando atenção? | Loucos e rebeldes são impossíveis de se ignorar |
Loucos e rebeldes são malucos | Todo novo pensamento assusta. Todo pensador parece louco. Até que um dia se provam com a razão. É uma questão de tempo até a loucura virar solução. | Loucos e rebeldes são geniais e podem mudar o mundo para melhor |
Poderia dar centenas de exemplos de ideias que se encaixam nesse modelo mental, mas fecho este post de re-estréia do meu site com o seguinte pensamento:
E se o processo criativo fosse de fato um processo? E se existisse uma forma de garantir que toda vez que sentamos de frente com a folha (tela?) em branco, seríamos capazes de chegar em uma ideia? E se a criatividade não fosse sorte, dom, nem tentativa e erro?
Pois bem, depois de 25 anos trabalhando com criatividade nas maiores agência de publicidade do país e com ideias reconhecidas nos maiores festivais de criatividade do mundo, eu decodifiquei o processo criativo. É sobre isso que vou escrever neste site. É isso que quero mostrar para você que quer viver das suas ideias.
Vamos para lá?